"Os textos deste livro são os destes lugares primordiais. Os meus lugares, aqueles que se fazem presentes quando escrevo. E vêm sem que chame por eles. O que é matriz é discreto, trabalha nas profundezas como um magma. E o magma, quando sobe, faz-se granito. Há-o por toda a superfície transmontana: ora no redondo dos cabeços, ora na planura dos lagedos, ora nas paredes verticais das escarpas. Pelo meio deste mar de pedra foi-se depositando sedimento, nasceram plantas, vieram gentes. Um dia cheguei eu. Quando a escrita me chamou dei por mim a notar que estava plena destes sítios. Testemunham-no os textos escolhidos para este livro. No exercício de os identificar no meio de quanto já escrevi dei-me conta de que não estão só nos poemas, mas também na micro-ficção, no registo diarístico e no conto. As imagens de Eduardo Beira — que também interveio na seleção dos textos — dialogam com eles. E acredito que o diálogo seja intenso e crie novos sentidos: não posso já ver as imagens, mas bem me lembro, dos tempos em que via, do poder do seu olhar através da máquina fotográfica para fixar a vida a acontecer e a multiplicidade do real." João Habitualmente
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